LOUIS ANTOINE TRAVENOL: O PAI DO RITO ADONHIRAMITA
Louis Travenol (Louis Antoine Travenol Jr.: 1698 – 1783, Paris), autor, compositor, intérprete, violinista, maestro, crítico literário, panfletista e cartunista. Filho do Prof. Louis Antoine Travenol e da bailarina Mary Anne Travenol.
Ao som do piano de um professor de dança (seu pai), aprendeu os rudimentos do violino. No entanto, foi com Clérambault e Senaillé que desenvolveu a arte da música, além do domínio do cartunismo.
Relata-se que Travenol teve que ganhar a vida desde jovem, embora, antes de 1735, ele já ocupasse a posição de primeiro mestre de violino e músico do Rei da Polônia na corte de Lorena. Em 1739, ingressou e seguiu carreira na Orquestra de Paris. Apresentando um caráter forte e controverso e com certo talento literário, ele se destacou também como panfletista e cartunista, sendo considerado um dos melhores de sua época. Na arte literária, deixou sua marca na história da França, defendendo a música francesa e combatendo violentamente Voltaire, Rousseau e Mondonville.
Conforme os veículos de comunicação da época, consta que Voltaire travou uma batalha judicial contra Travenol (1746 – 1747) por conta da reimpressão feita por Travenol em 1746 de um panfleto de Jacques Bénigne Bossuet, dirigido contra ele e ocasionada pela eleição de Voltaire para a Academia Francesa de Música. Essa demanda ocasionou um incidente contra seu pai (Prof. Travenol), com idade avançada de mais de 80 anos, que foi preso por engano no lugar de seu filho. Depois do incidente, Travenol e seu pai ingressaram com uma ação judicial nos tribunais franceses contra Voltaire, tendo como advogado Jean-Antoine Rigoley de Juvigny. Voltaire foi processado e condenado a indenizá-los.
Em 1753, participou ativamente da famosa "Querelle des Bouffons". Como defensor da música francesa, publicou dois panfletos contra Rousseau (defensor da música italiana), envolvendo-se em outra disputa judicial. Com problemas de saúde, Travenol foi afastado da produção da ópera em 1º de abril de 1758. Esse ato provocou outras séries de publicações recriminatórias, uma das quais dirigida principalmente a Mondonville, que era um dos diretores do Concerto Espiritual.
A produção literária polêmica de Travenol não ofuscou sua atividade como intérprete e compositor, embora ele tenha sido mais do que competente em ambas as esferas. Ele tanto compôs quanto regeu músicas para sua ópera, além de produzir e organizar, em 31 de março de 1750, a orquestra sinfônica do Grande Concerto Espiritual de Paris.
Como Cartunista e panfletista, publicou várias obras satíricas, incluindo "Le diable boiteux" e "Le philosophe sans le savoir". Suas caricaturas frequentemente zombavam da nobreza e do clero franceses da época.
Como escritor, contribuiu muito com a Maçonaria Especulativa da época. Louis Travenol produziu inúmeras obras, dentre as mais conhecidas: "Catéchisme Des Francs-Maçons: Précédé d'un Abrégé de l'Histoire d'Adoniram, Architecte du Temple de Salomon" (1740-1748). A primeira apresentação de sua obra aos europeus foi através da ópera e do cartunismo, sendo este usado em todos os rituais dos séculos XVIII e XIX.
O "Catéchisme Des Francs-Maçons" foi republicado pela terceira vez em 1748. A obra original encontra-se na Bibliothèque du Grand Orient de France, na Coleção Antiga (inventário número 6.286). Sua obra apresenta os ensinamentos da Maçonaria de forma educativa, onde o Mestre orienta o Discípulo através de uma série de perguntas e respostas. Os temas abordados incluem o Simbolismo Maçônico, os deveres morais e éticos dos membros, os valores de fraternidade, igualdade e solidariedade, bem como os rituais e cerimônias específicos das práticas maçônicas nos Três Graus Simbólicos. Também fornece informações sobre a estrutura interna das Lojas Maçônicas da época, sua organização e funcionamento, bem como os Ritos de Iniciação e os Graus de progressão dentro da Ordem.
As obras literárias de Travenol foram fontes inspiradoras para os novos Maçons e escritores que surgiriam nas gerações seguintes. Podemos até ousar em citar alguns Maçons que tiveram influência nas obras de Travenol, como por exemplo: Duque de Orleães (Louis Philippe Joseph d'Orléans: 13 de abril de 1747, Saint-Cloud – 6 de novembro de 1793, Paris); Dom Pernety (Antoine Joseph Pernety: 23 de fevereiro de 1716, Roanne – 16 de outubro de 1796, Avinhão); Martinez de Pasqually (Jacques de Livron Joachin de la Tour de la Casa Martinez de Pasqually: 1727, Grenoble – 20 de setembro de 1774, São Domingos); Barão de Tschoudy (Théodore Henry de Tschoudy: 21 de agosto de 1727, Metz – 28 de maio de 1769, Paris); Pilert (Jean Baptiste Pilert: 27 de junho de 1717, Valônia, Bélgica – 25 de janeiro de 1791, Paris); Guillerman de Saint-Victor (Louis Guillerman de Saint-Victor: 1735, Paris – 1803, Paris); Barão de Ditfurth (Franz Dietrich von Ditfurth: 1º de maio de 1738, Dankersen, Minden, Alemanha – 30 de março de 1813, Weser, Alemanha); Barão de Hund (Barão Karl Gotthelf von Hund: 11 de setembro de 1722, Altenburg, Alemanha – 8 de novembro de 1776, Meiningen, Alemanha); e tantos outros Maçons da Europa.
Para os Maçons europeus, Travenol é considerado o pai da Lenda do Terceiro Grau por ter escrito oficialmente as primeiras exposições francesas do Grau de Mestre Maçom em sua obra intitulada "Nouveau Catéchisme des Francs-Maçons". Este trabalho foi inovador ao revelar vez a "Lenda do Terceiro Grau" e seus cerimoniais à sociedade europeia. Dotado da arte do cartunismo, criou também um conjunto de gravuras representando as Reuniões Maçônicas. Os rituais de Travenol foram fonte de inspiração para os Maçons daquela época.
A partir da publicação definitiva de Travenol a Maçonaria não seria mais a mesma: a dúvida e a busca pelo aprendizado e conhecimento ficaram marcadas nas obras desse grande personagem: "Sua Verdade não é minha Verdade".
Até os dias atuais os Maçons têm dúvidas quanto ao personagem do Terceiro Grau: Adonhiram, o Administrador da Casa do Rei Salomão, homem de sua confiança? ou Hiram, o Ferreiro, estranho ao Rei e àquelas terras? Qual personagem de fato poderia ter sido o Administrador do Templo de Salomão? Pois o Arquiteto foi o Grande Arquiteto do Universo.
A título de curiosidade, Travenol assinava suas obras mais polêmicas com pseudônimos (atualmente um nome histórico no Rito Adonhiramita), tais como: "Abade Leonard Gabanon; Chevalier Pompon à la Babiole; e, Sieur Polichinelle".
O legado de Travenol como autor, intérprete, compositor, músico e cartunista é significativo. Suas obras ajudaram a moldar o desenvolvimento da música francesa no século XVIII. Ele foi um artista versátil e talentoso que deixou um impacto duradouro na vida cultural de seu tempo.
A titulo de conhecimento, enumeramos algumas obras de Travenol:
Musica:
La raie (Paris, 1728)
Les petits maisons, (Paris 1732)
Vous riez de notre délire, vaudeville (Foire St Germain, 1732)
La Fierté vaincue par l’Amour (1734)
La Fierté vaincue par l'Amour, cantate à voix seule et simphonie suivie d'un petit divertissement (Paris, 1735)
Premier livre de 6 sonates a violon seul avec la basse continue (Paris, 1739)
Première suite de simphonies pour violons, flûtes, hautbois (Paris, vers 1750)
Literatura:
Catechisme Des Francs-Maçons: Précédé d'un Abrégé de l'Histoire d'Adoniram,
Architecte du Temple de Salomon – (Israel e Paris, 1740-1748)
Memoire signifié. Pour Louis Travenol, de l'Académie royale de musique. Contre le sieur Arrouet de Voltaire, de l'Academie françoise (Paris, 1746)
Arrest du conseil d'état d'Apollon (Paris, 1753)
La galerie de l'Académie royale de musique (Paris, 1754)
With J.-B. Durey de Noinville: Histoire du théâtre de l'Académie royale
de musique en France (Paris, 1757)
Requête en vers d'un auteur de l'Opéra, au prévôt des marchands (Paris, 1758)
Les entrepreneurs entrepris, ou Complainte d'un musicien opprimé
par ces camarades (Paris, 1758)
With L. Mannori: Mémoire pour le sieur Travenol, ex-musicien du roi de Pologne … contre le sieur Mondonville, ex-musicien du roi, le sieur Caperan, ex-musicien de l'Opéra, et la Dame Royer, tous trois entrepreneurs et directeurs du Concert Spirituel (Paris, 1758)
Oeuvres mêlées du sieur , ouvrage en vers et en prose, contenant des remarques curieuses, sur la lettre de J. J. Rousseau contre la musique françoise (Amsterdam, 1775)
Académie Royale - Histoire du théâtre de l'Académie royale de musique en France
depuis son établissement jusqu'à présent - Jacques-Bernard Durey de Noinville - (Duchesne - 1757)