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Os Fundadores do Rito Adonhiramita

RITO ADONHIRAMITA E SEUS FUNDADORES

INTRODUÇÃO

Segundo uma corrente histórica fortemente adotada na nossa Sublime Instituição e, particularmente do Rito Adonhiramita, a Maçonaria teve origem nas antigas fraternidades iniciáticas do Egito, das quais rece­beu a tradição simbólica que, com o maior cuidado, guarda intacta, a fim de poder transmiti-la aos seus Iniciados.

De acordo com a história, existia no oriente uma ordem filosófica chamada "Sociedade de Hormuz/Ormuz" fundada por Hormuz, Sacerdote e Seráfico de Alexandria, conhecido também como Sábio de Memphis, convertido por São Marcos por volta do ano 43 d.C. Após converter seus adeptos, modificou a doutrina dos egípcios segundo os princípios do cristianismo. Eles professavam um misto de doutrinas egípcias e cristãs, denominavam-se "Sábio da Luz", repleto de alegorias e mistérios, trazendo como emblema, uma Cruz Vermelha. Os Sábios da Luz seriam os únicos repositórios da sabedoria egípcia, purificado pelo cristianismo, vieram a se reunir em uma escola chamada "Da Ciência de Salomão" de origem essênio-judaica, de onde talvez, surgisse a maçonaria.

Por volta de 1187-1188, após a tomada de Jerusalém por Saladino, discípulos dessa antiga escola fundaram na Europa a Ordem dos Cavaleiros do Oriente, onde ensinavam as altas ciências. Dizem que Raymond Lulle a ela pertenceu e foi quem iniciou o filho de Henrique III, rei da Inglaterra.

O Rito Adonhiramita foi assim criado em 1738, com sua publicação definitiva em 1744 (Catéchisme des Francs-Maçons) por Louis Antoine Travenol, que usava o pseudônimo de Abade Leonard Gabanon, sendo reformado por Louis Theodore Henri Tschoudy, vulgo Barão de Tschoudy, (1752-1769) com a participação ativa de Jean Baptiste Thomas Pirlet; e uma segunda reforma por Louis Guillemain Saint-Victor, (1781-1785); o Rito Adonhiramita é um sistema maçônico cuja à história é quase impossível fazer-se por falta de documentos históricos. A história dos reis e dos povos, de seus costumes e seus atos, traça as grandes evoluções da Humanidade, das crenças e a situação geral. Do mesmo modo que os an­ti­gos filósofos egíp­cios, para subtrair seus segre­dos e mis­térios aos olhos profanos, mi­nistravam seu ensino por meio de símbolos e alegorias, a Or­dem Maçônica tradicional e regular, conti­nu­ando aquela antiga tra­dição, encerra sua doutrina e filosofia em símbolos e alego­rias, pe­los quais ocultam suas ver­dades ao mundo profano, só as reve­lando àqueles que ingressam nos seus templos.

QUEM FUNDOU O RITO ADONHIRAMITA?

LOUIS ANTOINE TRAVENOL JR.

(LEONARD GABANON)

Nasceu em Paris em 1698, filho do Professor Louis Travenol e Mary Anne Travenol. Ao som do piano de um professor de dança (seu pai) aprendeu os rudimentos do violino.  Entretanto, foi com Clérambault e Senaillé que desenvolveu a arte da música, além do domínio do cartunismo. Faleceu em Paris em 1783. Pseudônimo (nome histórico): Abade Leonard Gabanon.

Travenol teve que ganhar a vida desde menor idade, embora já se soubesse há algum tempo antes de 1735 que ele estava empregado como primeiro mestre de violino e músico do rei da Polônia na corte de Lorena em Lunéville. Em 1739, ingressou e seguiu carreira na Orquestra da Opera de Paris. Apresentando-se de caráter forte e controverso, com certo talento literário, ele se destacou também como panfletista, considerado um dos melhores de sua época. Na arte literária, ele deixou sua marca na história da França, defendendo a música francesa e combatendo violentamente Voltaire, Rousseau e Mondonville.

Como resultado da reimpressão em 1746 de um panfleto de Jacques Bénigne Bossuet, Travenol dirigido contra Voltaire e ocasionado pela eleição deste último para a Academia Francesa de Musica. Voltaire travou uma batalha judicial contra Travenol (1746-1747), vindo ocasionar em um incidente contra seu pai (Prof. Travenol) com idade avançado de 80 anos, sendo preso por engano no lugar de seu filho. Depois do incidente, Travenol e seu pai ingressaram com uma ação nos tribunais contra Voltaire, sendo o mesmo processado e condenado a indenizá-los.

Em 1753, ele participou da famosa Querelle des Bouffons. Como defensor da música francesa publicou dois panfletos contra Rousseau (defensor da música italiana) se envolvendo em outra disputa judicial. Com problemas de saúde, Travenol foi retirado da ópera em 01 de abril de 1758, provocando outra série de publicações recriminatórias, uma das quais, dirigida principalmente a Mondonville, que seria um dos diretores do Concerto Espiritual.

A produção literária polêmica de Travenol ofuscou sua atividade como intérprete e compositor, embora ele tenha sido mais do que competente em ambas as esferas. Ele regeu tanto a música como também compôs para sua Opera, além  de organizar a orquestra sinfônica em 31 de março de 1750, no Grande Concerto Espiritual de Paris.

Obras:

Musica - Opera:

•"La raie" (Paris, 1728)

•Les petits maisons, (Paris 1732)

•Vous riez de notre délire, vaudeville (Foire St Germain, 1732)

•La Fierté vaincue par l'Amour, cantate à voix seule et simphonie suivie d'un petit divertissement (Paris, 1735)

•Premier livre de 6 sonates a violon seul avec la basse continue (Paris, 1739)

•Première suite de simphonies pour violons, flûtes, hautbois (Paris, vers 1750)

Literatura:

•Catechisme Des Francs-Maçons: Précédé d'un Abrégé de l'Histoire d'Adoniram, Architecte du Temple de Salomon – (Israel e Paris, 1738-1744)

•Arrest du conseil d'état d'Apollon (Paris, 1753)

•with J.-B. Durey de Noinville: Histoire du théâtre de l'Académie royale de musique en France (Paris, 2/1757/R)

•La galerie de l'Académie royale de musique (Paris, 1754)

•Requête en vers d'un auteur de l'Opéra, au prévôt des marchands (Paris, 1758)

•Les entrepreneurs entrepris, ou Complainte d'un musicien opprimé par ces camarades (Paris, 1758)

•with L. Mannori: Mémoire pour le sieur Travenol, ex-musicien du roi de Pologne … contre le sieur Mondonville, ex-musicien du roi, le sieur Caperan, ex-musicien de l'Opéra, et la Dame Royer, tous trois entrepreneurs et directeurs du Concert Spirituel (Paris, 1758)

•Oeuvres mêlées du sieur , ouvrage en vers et en prose, contenant des remarques curieuses … sur la lettre de J.-J. Rousseau contre la musique françoise (Amsterdam, 1775)

•Académie Royale - Histoire du théâtre de l'Académie royale de musique en France depuis son établissement jusqu'à présent - Jacques-Bernard Durey de Noinville - Louis-Antoine Travenol - Duchesne - 1757

LOUIS THÉODORE HENRY TSCHOUDY

(BARÃO DE TSCHOUDY)

Nasceu Metz, em 21 de agosto de 1727. Filho de Claude Henry Tschoudy e Louise Christine Roaut de Assy. Advogado, militar no Regimento Real de Suíça do Prince Raimond di Sangro, conselheiro parlamento de Metz, maçom entusiasta, filosofo e escritor. Faleceu em 28 de maio de 1769, Paris, com 42 anos de idade. Usava o pseudônimo (nome histórico): Cavaleiro de Lussy.

Resolveu e residir em 1751 na Itália com seu tio, General Marshal, sendo iniciado na maçonaria em uma Loja Napolitana da qual foi Venerável Mestre. Em Haia lança dois panfletos em resposta à Bula Papal publicada pelo Papa Bento XIV, em 18 de maio de 1751, “Excomungação dos Maçons”. Apesar de seu pseudônimo, Tschoudy foi descoberto e preso em Nápoles. Seu tio o faz escapar para a Holanda onde ficou exilado. Durante suas viagens assumiu a presidência de uma loja em Haia. Foi também eleito Grão-Mestre das Grande Loja das Sete Províncias. Residindo na Rússia assumiu a venerância de uma loja em São Petersburgo. Em 1755 ele ocupou o cargo conselheiro da Imperatriz Elisabeth da Rússia.

Retornando à França, tornou-se conselheiro no Parlamento de Metz e Venerável Mestre de sua antiga Loja, afiliando-se em 1762, ao Conselho dos Cavaleiros do Oriente. Foi o autor dos rituais "Soberano Conselho de Príncipes Maçons Rosa-Cruzes. Acreditava e afirma em suas obras que a maçonaria teria sua origem do Antigo Egito.

Entre 1762-1765 se associou a Jean Baptiste Pirlet e reescreveu todos os rituais do Conselho dos Cavaleiros do Oriente, introduzindo aos rituais "A Estrela Flamejante, atualmente adotada pelo REAA e outros ritos".

Em 1766, ele escreveu seu famoso livro intitulado "L'Etoile Flamboyante" que nada tem haver com o Rito Adonhiramita. Também escreveu um sistema completo de graus alquímicos com instruções notáveis ​​para a Grande Obra, em alguns dos quais, como o "Cavaleiro da Íris", o "Cavaleiro da Fênix" ou o "Comandante das Estrelas", adotados a partir do século XIX nos autos graus dos ritos Memphis e Memphis-Misraim.

Nos últimos anos de vida, ele se dividiu entre Metz e Paris, sendo: venerável da Loja "Saint Etienne" de Metz; presidente da Grande Loja Provincial dos Três Bispos; Chefe do Colégio de Santo André da Escócia;  Comandante do Capítulo dos Cavaleiros da Palestina. Criou o Grau Cavaleiro de Santo André da Escócia compilando seus rituais. Instalou em Paris o Capítulo Escocês de Santo André da Escócia, sendo seu presidente. Este grau passou a ser  utilizado em todos sistemas maçônicos  a partir do século XIX.

Obras:

  • Thérèse philosophe ou Mémoires pour servir à l'histoire du P. Dir rag (Girard) et de mademoiselle Eradice (Cadière) – (1748)

  • Etrenne au pape, ou Les Francs-maçons vangés , réponse à la bulle d'excommunication lancée par le pape Benoît XIV – (1752)

  • Le Philosophe au Parnasse françois ou Le moraliste enjoué , lettres du chev. de L.** et de Mr. de M – (1754)

  • Rituel des grades alchimiques du baron Tschoudy - (1762)

  • L'Etoile flamboyante ou la Société des Francs-Maçons - (1766)

  • Écossois de Saint-André d'Écosse. De l'art royal de la Franç-maçonnerie et le but direct, essentiel - (1769)

JEAN BAPTISTE THOMAZ PIRLET

(PILERT)

Nasceu em Namur, Bélgica, em 27 de junho de 1717. Filho de Jean Hubert Pirlet e Anne Marie Spinsmaille. Escritor, teólogo, mestre-alfaiate e comerciante de tecidos finos. Contraiu núpcias com Marie Anne Lemineur, em 29 de novembro de 1744, tendo com os filhos: Marie Catherine Pirlet; Marie Françoise Pirlet; Jean François Pirlet; Marie Anne Joseph Pirlet; Jean Joseph Pirlet; Marie Joseph Pirlet; Jean Baptiste Pirlet; Caroline Pirlet; Marie Thérèse Pirlet. Residiu toda sua vida na Rua d'Orléans-Saint Honoré, perto do Hotel d'Aligre, Paris. Ele faleceu em Paris, em 25 de janeiro de 1791, com 73 anos de idade. Usava o pseudônimo (nome histórico): O Alphaiate.

Na maçonaria foi uma figura de grande importância e valor para o sistema escocês, infelizmente, esquecido pelo escotismo moderno. Ele criou o sistema de autos graus  (1757-1758), denominado Conselho dos Imperadores do Oriente e do Ocidente ou Rito de Perfeição de Heredom com 25 graus. Por questões politica, não concordando com as decisões do Conselho, em 1761 deliga-se do auto corpo e funda em 22 de julho de 1762, um novo auto corpo, denominado Conselho dos Cavaleiros do Oriente, trazendo para sua direção, o Barão de Tschoudy, que resolve revisar e ajustar todos os rituais do auto conselho, além de contribuir com a criação do Grau dos Cavaleiro de Santo André. Introduz ao sistema "A Estrela Rutilante ou Flamejante" e o Capitulo Rosa-Cruz ainda não existente em nenhum corpo maçônico daquela época. Foram varias tentativas de Pirlet em fundir as Grandes Lojas com o Conselho dos Imperadores, vindo ter êxito em 14 de agosto de 1766.

Pirlet criou além do Rito de Perfeito, o Sistema Escocês Trinitário (1752-1753) com 15 graus, sendo publicado em 03 de dezembro de 1765, após separar-se de Tschoudy. Ele fundou a primeira Loja Maçônica Trinitária em Paris, sendo seu primeiro Venerável Mestre.

Obras:

  • l'Ordre Écossais des Trinitaires (1752-1753)

LOUIS GUILLEMAIN FRANÇOIS DE SAINT-VICTOR

(LOUIS GUILLERMAIN DE SAINT-VICTOR)

Nasceu em Paris por volta de 1722, falecido por volta de 1803. Não há conhecimento que tenha sido iniciado na maçonaria ou que tenha participado de lojas ou corpos filosófico instalados na Europa no século XVIII. Não se tem conhecimento de uso de pseudônimo (nome histórico), uma vez que suas obras não ameaçava a igreja ou a coroa. Não se tem conhecimento de nenhuma obra de sua autoria. Todas as obras publicadas por ele eram compêndios de obras literárias e lavras de outros autores.

De todas as obras publicadas por Sant-Victor, a que mais lhe rendeu fama foi a "Recueil Précieux de L´Maçonnerie Adonhiramite" (1781-1787). Esta obra foi compilada a partir da obra literária de Leonard Gabanon e a reforma do Barão de Tschoudy. 

Em 1757, Conde de Saint-Gelaire introduziu na França, a "Ordem Noaquita ou Cavaleiros Prussianos", obra traduzida do germânico para o francês, no mesmo ano,  por M. de Bérage. Ele acirrou uma disputa contra San-Victor por ter plagiado sua obra, introduzindo no Recueil Précieux de L´Maçonnerie Adonhiramite como ultimo grau (13º Grau). Após ser denunciado por plágio, Saint-Victor publicou uma nota nos jornais da época que a obra não o pertencia, que seria de autoria Saint-Gelaire, passando a ser um complemento do seu compêndio. 

Relatam alguns meios de comunicação da época, que depois de ter sido preso o Conde Cagliostro (Giuseppe Giovanni Battista Vincenzo Pietro Antônio Matteo Balsamo: Palermo, 02 de junho de 1743 — San Leo, 26 de agosto de 1795), Guillermain de Sant-Victor teria também plagiado sua obra maçônica intitulada como "Rito de Adoção" ou "Rito para Damas".

A vida como autor de Sant-Victor parece ter sido um pouco conturbada entre um escândalo e outro, igualmente a vida de Conde de Cagliostro. Quanto a Ordem, nada se sabe de sua passagem.  

Obras:

  • L'Adoption ou la Maçonnerie des Dames, (1779-1786)

  • Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite,  (1781-1787)

  • Histoire Critique des Mystères de l'Antiquité, (1788)

  • Manuel des franches-maçonnes, ou la Vraie maçonnerie d'adoption (1786)
    La Vraie maçonnerie d'adoption (1786)

Pesquisa desenvolvida por: JMendes, MI, GR-33

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