RITO ADONHIRAMITA OU MAÇONARIA ADONHIRAMITA
DISMISTIFICANDO O RITO ADONHIRAMITA
DOUTRINA E SIMBOLOGIA
INTRODUÇÃO
Segundo uma corrente histórica fortemente adotada na nossa Sublime Instituição e, particularmente do Rito Adonhiramita, a Maçonaria teve origem nas antigas Fraternidades Iniciáticas do Egito, das quais recebeu a tradições simbólicas que, com o maior cuidado e zelo, guarda intacta, a fim de poder transmiti-la aos seus Iniciados
De acordo com uma antiga lenda, existia no oriente uma ordem filosófica chamada "Sociedade de Hormuz (ou Hormoz, Ormuz, Ormus)" fundada por Hormuz, Sacerdote Seráfico de Alexandrino, conhecido também como Sábio de Memphis, convertido por São Marcos por volta do ano 43 d.C. Em seguida, o dito Sábio converteu seus adeptos, modificando a doutrina dos egípcios segundo os princípios do recém fundado cristianismo. De acordo com os relatos, essa ordem professavam um misto de doutrinas egípcia e cristã, auto denominava-se "Sábio da Luz". Uma ordem repleta de alegorias e mistérios, trazendo como emblema, uma "Cruz Vermelha".
Os Sábios da Luz, únicos repositórios da sabedoria egípcia, purificado pelo cristianismo, reuniar-se em uma escola chamada "Da Ciência de Salomão" de origem essênio-judaico, de onde talvez surgisse a maçonaria.
De acordo com os relatos históricos, entre 1187-1188, após a tomada de Jerusalém por Saladino, discípulos dessa antiga escola fundaram na Europa, a Ordem dos Cavaleiros do Oriente, onde ensinavam altas ciências. Com base em correntes literárias, seus vestígios foram encontradas por volta de 1196. Dizem que Raymond d´Lulle a ela pertenceu e foi quem iniciou o filho de Henrique III, rei da Inglaterra.
O RITO ADONHIRAMITA OU MAÇONARIA ADONHIRAMITA
O Rito Adonhiramita ou Maçonaria Adonhiramita foi criado por Louis Travenol (Louis Antoine Travenol: 1698 - 1783, Paris-Fr) em 1738, com a publicação de seus primeiros rituais em 1740 (Catéchisme dés Francs Maçons ou Le Secret dés Francs Maçons), tendo como base, talvez, o antigo Rito Inglês Primitivo, a princípio com três graus simbólicos. O Rito sofreu a primeira adaptação ao filosofismo pelo Barão de Tschoudy (Louis Theodore Henri Tschoudy: 1727, Metz - 1769, Paris-Fr) com a participação de Pilert (Jean Baptiste Thomas Pirlet: 1717, Namur, Bélgica - 1791, Paris-Fr.); e uma segunda adaptação e compilação por Saint-Victor, (Louis Guillemain Saint-Victor: 1722 - 1803, Paris-Fr.) denominado de "Recueil Precieux de La Maconnerie Adonhiramite", que nada alterou no simbolismo.
O Rito Adonhiramita ou Maçonaria Adonhiramita, nasceu, portanto, no seio da Franco-Maçonaria Francesa, com a finalidade de resgatar a essência e a pureza da antiga Ordem dos Pedreiros-Livres.
A CRIAÇÃO DO RITO ADONHIRAMITA
Travenol criou o Rito Adonhiramita em conformidade com as normas e diretrizes da maçonaria inglesa primitiva, transformando-a em um verdadeiro professorado filosófico. Purificou o simbolismo expurgando os traçados de cunho exotérico e religiosos que nada tinha haver com a Ordem dos Pedreiros. Corrigiu o principal personagm da Lenda do Terceiro Grau (Hiram para Adonhiram - Livro da Lei: Velho Testamento), excluindo as especulações do luterismo, hermetismo e templarismo, além das ideias cavalheirescas e cabalísticas presentes nos traçados das obras publicadas até aquele momento que não se relacionavam com os princípios genuinos da maçonaria.
Os graus simbólicos para Travenol, representavam a mais pura maçonaria, um sistema de ensino que transformava o Homem comum em verdadeiro Professor e Filósofo: "A Evolução Racional da Espécie Humana”.
A TRAJETÓRIA DO RITO ADONHIRAMITA NA EUROPA
Conforme registros do Grande Oriente da França, foi criada em 1773 uma comissão para compilar e organizar os altos graus maçônicos, a partir daí, começa a surgir capítulos e conselhos objetivando gerir os ditos graus. Neste momento de explosão e euforia maçônica foi proposto por Alexandre Roettiers de Montaleau (Alexandre Louis Roëttiers de Montaleau: 22/11/1748 - 30/01/1808, Paris-F), a formação de uma comissão especial para estudar os graus e ritos existentes naquele país, buscando compilar um sistema ordenado que contemplasse toda filosofia em um único compêndio.
Neste efervescer de acontecimentos próprios da época, surge então, em 1781, um sujeito de nome ou pseudônimo denimodado de Louis Guillemain de Saint-Victor, com a publicação de um compêndio denominado “Recueil Précieux de la Maçonnerie Adonhiramite” (1ª Ed. – A Philadélphie/Philarethe), cujo conteúdo, continha os graus simbolicos na integra de Louis Travenol.
Em 1785, o Grande Capítulo Geral da França entrega seu trabalho de "Síntese dos Altos Graus Franceses". No ano seguinte (depois do falecimento de Travenol), Saint-Victor publicou a segunda edição da Coleção Preciosa. Ele apresentava um compêndio com 12 Graus, sendo o Grau Rosa-Cruz como o "nec plus ultra” (conforme sugerido por Tschoudy ao Conselho dos Imperadores), seguido de um texto inserido no final da nova edição, informando em notas, tratar-se, simplesmente, de uma curiosidade maçônica.
Saint-Victor afirmava que o grau chamado "Cavaleiros Noaquita ou Prussiano" não teria nenhuma conexão com a série anterior de doze graus apresentada por ele, deixando claro em notas que seria somente a título de complemento e curiosidade maçônica que trouxe para o seu segundo volume, uma tradução de um compêndio alemão do Grande Inspetor Geral das Lojas Prussianas, Conde de Saint-Gellaire, Inspector-Geral das Loja Prussinas na França. Sua obra foi traduzida em 1757 do germânico para o francês por Michel de Bérage. Neste mesmo ano, Saint-Gelaire funda o Capítulo Noaquita em Paris.
Autores variados da época afirmavam em suas obras literárias que o compêndio publicado por Saint-Victor teve repercussão extremamente positiva a ponto de, após o lançamento da primeira edição, no mesmo ano, a segunda edição da Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita (erro dos altores: a editora que imprimiu a conpilação chamava-se Filadélfia, em Paris, não se trata da cidade da Filadelfia como os autores citam em suas obras). Esta obra se tornou uma referência canônica do Rito Adonhiramita. Foi traves ela que o rito alcançou ampla divulgação e expansão na europa, chegando a se tornar o principal rito do Grande Oriente Lusitano, sendo exportado para suas colônias. Na França tornou-se o padrão da Maçonaria Ortodoxia.
O SURGIMENTO OFICIAL DO RITO ADONHIRAMITA NO BRASIL
Alguns autores acreditam na possibilidade das lojas “Reunião” (Grande Oriente da Ilha da França: 1801-1805), “Distintiva” (1812) ter sido fundadas no Rito Adonhiramita por conta de intercâmbio dos viajantes portugueses e franceses da época para a cidade do Rio de Janeiro, infelizmente, sem prova documental. Pode-se afirmar que o rito foi oficialmente instalado no Brasil, em "15 de novembro de 1815", com a fundação da Loja Maçônica "Comércio e Arte". Seus trabalhos foram interrompidos precisamente em 30 de março de 1818, quando o Imperador D. João VI emitiu um Alvará Régio "Lesa Majestade", obrigando as sociedades secretas, de qualquer forma e denominação no território luso brasileiro cessarem suas atividades. Esta data, ou seja, "15 de novembro" é considerada o "Dia da Maçonaria Adonhiramita".
A Loja Comercio e Arte retoma suas atividades novamente em 24 de junho de 1821. Precisamente em 17 de junho de 1822, a Loja, seguindo o modelo da Bahia, dividiu-se em três: “Loja Maçônica Comércio e Artes na Idade do Ouro”; “Loja Maçônica União e Tranquilidade; “Loja Maçônica Esperança de Nictheroy”. A partir dessa divisão, formar-se o segundo grande oriente no Brasil, simplesmente denominado de "GRANDE ORIENTE BRAZILEIRO" (BRASÍLICO OU BRASILIANO), tendo sua sede instalado na Rua do Conde, de efêmera duração. Essa potência abate colunas meses depois.
Os primeiros rituais, resultado de uma tradução da Compilação Preciosa da Maçonaria Adonhiramita ocorreu em 1833. Sua impressão foi homologada e autorizada em 1836, sendo impressa sua primeira edição pela Tipografia Astral.
A FUNDAÇÃO DA OFICINA CHEFE DO RITO ADONHIRAMITA
O Oficina Chefe do Rito Adonhiramita nasceu, portanto, no seio do Grande Oriente do Brasil do Vale do Lavradio (potência instalada em 23/11/1831 pelo monarquista José Bonifácio). Essa potência governava os graus simbólicos e filosóficos dos ritos Adonhiramita, Moderno e REAA. Além dos ritos citados, o Grande Oriente do Brasil reconhecia e praticava o Rito de Adoção (instalando em solo brasileiro) conforme contam em seus boletins informativos (Boletim do Grande Oriente do Brasil: Jornal Oficial da Maçonaria Brasileira, Ano 1873/Edição 00002; Ano 1873/Edição 00003; Ano 1873/Edição 00005; Ano 1873/Edição 00006; Ano 1874/Edição 00001-00006; Ano 1892/Edição 00002; Ano 1892/Edição 00009...). A mais famosa dentre todas as lojas do Rito de Adoção gobiana foi a Loja União Escosseza.
A Loja Comércio e Artes da Idade do Ouro que estava adormecida desde 1822 volta suas atividades no Rito Escocês Antigo e Aceito, se filiando ao Grande Oriente Brasileiro (conhecido também como Grande Oriente do Passeio, fundado em 1830 e instalado em 24 de junho de 1831 pelo Senador Vergueiro). O monarquista José Bonifácio, inconformado, funda uma loja homônima, no Rito Moderno de efêmera duração.
A primeira Loja do Rito Adonhiramita a ser fundada no Grande Oriente do lavradio foi a “Sabedoria e Beneficência”, na cidade de Niterói, (encerrando suas atividades em 1850). Em 1839 surgiu a segunda loja do rito, denominada de “Firmeza e União” (no mesmo ano em que o Grande Oriente do Brasil instituiu o "Grande Colégio dos Ritos Azuis", incluindo o Rito Adonhiramita).
Em 1854, com a incorporação regular do Rito Escocês Antigo e Aceito ao GOB, o “Grande Colégio dos Ritos Azuis” sofreu uma transformação significativa, tendo em vista que oficialmente o REAA se incorporaria ao GOB e exigia um governo decentralizado, desta forma, foi criado em 1855, o “Sublime Grande Capítulo dos Ritos Azuis” (Ritos Moderno e Adonhiramita), que comporia colateralmente ao Supremo Conselho do REAA. O “Sublime Grande Capítulo dos Ritos Azuis” teve efêmera duração.
Em 1863, menos de dez anos após sua criação, ocorreu a dissidência liderada por Saldanha Marinho, quando foi criado e instalado o “Grande Oriente do Brasil do Vale dos Beneditinos. As Lojas fundadoras da nova potência foram as seguintes: Caridade, Comércio, Dezoito de Julho, Estrela do Rio, Imparcialidade, Philantropia e Ordem e Silêncio.
Em 1865, o GOB do Vale dos Beneditinos foi reconhecido pelo Grande Oriente da França e pelo Grande Oriente Lusitano, como potência legal e legitima para o Império do Brasil. A partir deste momento, a maçonaria brasileira cresceu e floresceu por toda corte.
Passado dez anos após a cisão, precisamente em 21 de Junho de 1870, Dr. Joaquim Saldanha Marinho resolve propor a Visconde do Rio Branco (Grão Mestre do Grande Oriente do Lavradio) a fusão da maçonaria brasileira em uma única grande família. Após um ano da proposta, acordaram os termos da votação para a fusão. Ocorreu a votação em duas sessões como segue: a primeira, em 29/05/1872; a segunda, em 04/06/1872; sendo aprovada através do Decreto 01/1872 (29/01/1872), e o Decreto 02/1872 (04/06/1872). Resultado da fusão, nasce então, O Grande Oriente Unido do Brasil. O Grão-Mestre Provisório nomeado para administrar o novo corpo foi o Dr. Antônio Felix Martins (Barão de São Félix).
Em setembro do mesmo ano foi realizada as eleições para o cargo de grão-mestre, sendo vencedor, o Saldanha Marinho, com 222 votos validos contra 190. Visconde do Rio Branco sendo derrotado nas urnas, inconformado, declarou nula a fusão através do Decreto nº 13/1872 (16/09/1872). A partir da edição do citado decreto voltou a atividade as potências, ou seja, o Grande Oriente do Brasil do Vale dos Beneditinos e o Grande Oriente do Brasil do Vale do Lavradio. Nesta ocasião passou a existir quatro potências maçônicas distintas: GOB-L - Grande Oriente do Brasil do Vale do Lavradio; GOB-B - Grande Oriente do Brasil do Vale dos Beneditinos; GOUB - Grande Oriente Unido do Brasil (nova potência resultado da fusão) GOB-P -Grande Oriente Brasileiro (potência fundado em 1830 por Senador Vergueiro, ficando inativo entre 1864-1867).
Em 1874, o Grande Oriente do Brasil do Vale dos Beneditinos cessou suas atividades definitivamente sendo extinto. Suas lojas se filiaram no GOUB.
O Rito Adonhiramita foi muito bem sucedido no Grande Oriente Unido do Brasil. O número de Lojas do rito suplantou aquelas do GOB-L (cinco x duas lojas). Assim, a nova potência (resultado da fusão de 1872) criou o “Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas” através dos arts. 31 e 44. par. 3º, e de sua Constituição, promulgada através do Decreto Nº 04, de 23/09/1872 (a sessão de nº 1, ocorreu em 3 de outubro de 1872, quando foi realizada a primeira eleição, sendo empossados seus Grandes Oficiais, no dia 9 de novembro de 1872, na sessão nº 2). Seu primeiro Grande-Mestre foi o Visconde de Ponte Ferreira (Dr. João Fernandes Tavares - Rio de Janeiro, 27 de dezembro de 1795 — Rio de Janeiro, 10 de julho de 1874).
No GOB-L existiam duas lojas adonhiramitas: a “Firmeza e União II” (1854) , “Aliança” (1869). Para concorrer com GOUB foi fundada em 1872 uma terceira loja, denominada de Loja “Redenção”, perfaziam assim, três lojas simbólicas. Com essas lojas, o GOB criou através Decreto nº 21, de 2 de abril de 1873, um homônimo (cópia), com a mesma denominação, ou seja, “Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas”. Seu Grande-Mestre nomeado foi o Dr. Joaquim José da Cunha Guimaraes.
Passado tres anos do falecimento de Visconde do Rio Branco (José Maria da Silva Paranhos: Salvador, 16 de março de 1819 – Rio de Janeiro, 01 de novembro de 1880), ao completar dez anos da tentativa de fusão (1872), Dr. Joaquim Saldanha Marinho, demostrando todo seu amor pela maçonaria, empregando todos os meios para sua unificação, propôs novamente uma nova fusão, sendo efetuada no dia 21 de dezembro de 1882. Passando a partir de janeiro de 1883, existir tão somente, um grande oriente (extinção do Grande Oriente do Brasil do Vale do Lavradio e do Grande Oriente Unido do Brasil), simplesmente denominado de "Grande Oriente do Brasil - GOB". Com a fusão, a Maçonaria Adonhiramita se solidifica em única família brasileira. Em 1883, o novo GOB contava com as seguintes Lojas Adonhiramitas Capitulares:
Aurora, Belém, PA
Discrição, RJ
Fraternidade Alagoana, Maceió, AL
Liberdade e Fraternidade, RJ
Modestia, Morretes, RS
Mistério, RJ
Perfeita Amizade Alagoana, Maceió, AL
Segredo, RJ
União e Fidelidade, Santarém, PA
Liberdade, RJ
Firmeza e União II, MA
Aliança, RJ
Redenção, RJ
Asilo da Prudência, RJ
Frank-Hiramita, RJ
Descrição, RJ
Aliança e Vigilância de Niteroy, RJ
Luiz de Camões, RJ
AS CISÕES NO GRANDE ORIENTE DO BRASIL
FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE DE SÃO PAULO
Surge então em 1893 um grupo de lojas lideradas por Dr. Martim Francisco Ribeiro de Andrada III, insatisfeitas com o resultado da fusão dos dois grande orientes, desejando independência e autonomia da maçonaria paulista, resolveram fazer uma nova cisão, criando assim, em 28 de maio de 1893, um novo corpo maçônico, autônomo, independente, simplesmente denominado de GOSP - GRANDE ORIENTE DE SÃO PAULO (1993-1901). Foram diversas lojas que idealizaram a fundação da nova corporação maçônica, dentre elas, os jornais da época destacam: Loja América, Loja Harmonia e Caridade, Loja Itália, Loja Roma, Loja 7 de Setembro, Loja União Paulista e Loja 20 de Setembro. Na mesma data foi fundada a Loja Maçônica 28 de Maio, no Rito Moderno. Nos meses seguintes outras lojas foram fundadas e filiadas ao GOSP.
O primeiro Grão-Mestre nomeado para dirigir o GOSP foi o Dr. Martins Francisco Ribeiro de Andrada, tendo como 1º e 2º Grandes Vigilantes, Grande Orador, Grande Secretario, respectivamente: Dr. Antônio Carlos Ribeiro de Andrada Machado e Silva; Dr. Gerônimo Couto; Dr. Lambert César Andreini; Geraldo Bibas.
Através do Decreto 119, de 22 de junho de 1894, o Grande Oriente do Brasil suspendeu os direitos das Lojas que fundaram o GOSP, expulsando-as perpetuamente da potência.
Inspirado pela maçonaria paulista, entre 1894-1899, ocorreram outras cisões nos estados de Pernambuco, Minas Gerais e Rio Grande do Sul, causando um efeito colateral na maçonaria brasileira.
Em 1897, conforme relatavam os jornais da época, houve uma tentativa de unificação do GOB com GOSP, sem sucesso. No mesmo ano, as Lojas América e Itália romperam com GOSP e retornaram para o GOB. Nesta mesma época, o GOSP fundou um novo supremo conselho independente federado ao Supremo Conselho Italiano, com sede em Nápoles. As lojas subordinada ao GOSP praticavam o REAA, enfraquecendo substancialmente o Rito Adonhiramita.
Graças a persistência, o carisma e liderança do Grão-Mestres Quintino Antônio Ferreira de Sousa Bocaiuva, seguido de Lauro Nina Sodré e Silva, em 1901, concretizou a fusão do GOSP e GOB, quando da alteração da constituição do GOB e criação e instalação das potências estaduais. Nesta data, o GOSP passoua ser potência estadual. denominado de Grande Oriente Estadual de São Paulo - GOESP.
As Lojas Roma e Itália, através dos decretos 181 e 282, datados de 30 de abril de 1901 (Boletim do Grande Oriente de Brasil, Ano 1901/Edição 00001-0002) foram reintegração a federação.
A FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE INDEPENDENTE PAULISTA
As lojas maçônicas "Sadi Carnot (Piratininga)", "Germinal" (Piratininga), "Humanitas" (Piratininga), "Rio Branco II" (São José dos Campos) fundaram em 1903 (Diário da Tarde, Ano 1903 Edição 01279) uma nova potência simbólica estadual independente, simplesmente denominada de GOIP - GRANDE ORIENTE INDEPENDENTE PAULISTA (1903-1919), sendo incorporada em 1908 ao projeto, a Loja Maçônica "Amor e Caridade nº 313", que estava adormecida desde 1887 (extinção do Grande Oriente Brasileiro). Nos anos seguintes outras lojas foram sendo incorporadas e fundadas ao GOIP. A nova potência foi instalada pelo Grande Oriente do Rio Grande do Sul. tendo como seu primeiro Grão Mestre, o Coronel Antônio de Carmo Branco.
Com a posse do Grão-Mestre Nilo Procópio Peçanha, as lojas dessa potência foram sendo aos poucos incorporadas no GOESP - Grande Oriente Estadual de São Paulo (resultado da fusão do GOSP e GOB em 1901). Em 1919 o GOIP - GRANDE ORIENTE INDEPENDENTE PAULISTA foi definitivamente extinto e suas lojas incorporadas ao GOB e outras adormeceram.
A FUNDAÇÃO DO GRANDE ORIENTE AUTÔNOMO DE SÃO PAULO
Em 09 de janeiro de 1916, as lojas italianas independentes "Libertas", "Fratellanza Universale", "Giustizia e "Giuseppe Mazzini" fundaram uma nova potência simbólica no Estado de São Paulo, denominado de GOASP - "GRANDE ORIENTE AUTÔNOMO DE SÃO PAULO (1916-1922), sendo incorporada ao projeto, a Loja Maçônica "Lavouro Fratellanza (Cravinhos). Foi aclamado como Grão-Mestre, o Prof. Dr. Arthur Guaniery, tendo como Grão-Mestre Adjunto, o Dr. Antônio Piccarollo, ambos italianos.
Naquele momento passou a existir as seguintes potências simbólicas no Estado de São Paulo: a) GOASP - Grande Oriente Autônomo de São Paulo, com sede a Rua José Bonifácio, 39; b) GOIP - Grande Oriente Independente Paulista, com sede a Rua Luiz Gama, 137; c) GOESP - Grande Oriente Estadual de São Paulo (GOB), com sede a Rua Tabatinguera, 74.
Todas as lojas do GOASP eram formadas por imigrantes Italianos e seus descendentes. Essa potência se dedicou intensamente as causas operárias e ao socorro mútuo dos necessitados paulista afetado pela gripe espanhola. Tinha como lema e bandeira: "O Amor e a Fraternidade". No momento em que o Brasil enfrentava a Gripe Espanhola, ao contrario das demais potencias, o GOASP transformou suas instalações em prontos socorros para atender a população. Essa potência tinha relações fraternais com o Grande Oriente de Itália. - GOI
Com a renuncia ao cargo de Grão-Mestre em 1921 pelo Prof. Dr. Artur Guaniery, as lojas do GOASP passaram a aderir o GOESP - Grande Oriente Estadual de São Paulo (antigo GOSP), levando a potência a extinção. As Lojas Francisco Ferrer (São Paulo) e Águia Negra (Espirito Santo do Pinhal), logo após a posse do Grão-Mestre Mário Marinho de Carvalho Behring, retornaram ao GOB em 1922.
AS IDAS E VINDAS DO GOSP AO GOB
Nilo Procópio Peçanha tomar posse em 1917 como grão-mestre do GOB e a crise na maçonaria paulista volta novamente com força e vigor. Conforme relatam documentos históricos arquivados na Biblioteca Nacional, logo após sua posse, os ânimos dos maçons paulistas se alteraram (1917-1921), quando teve início uma série de eventos que levariam à uma possível dissidência da maçonaria paulista.
De acordo com José Castellani e outros autores, em 1921, o Grão-Mestre Estadual do Grande Oriente Estadual de São Paulo, Dr. José Adriano Marrey Júnior, convocou uma reunião com as 65 Lojas paulistas para decidir as atitudes que deveriam ser tomadas sobre uma nova cisão, votando a proposta de Marrey Júnior de retirar o Grande Oriente Estadual das fileiras do GOB. Das 53 Lojas participantes dessa reunião, apenas a Loja Piratininga votou contra a separação, justificando seu voto e retirando-se da reunião. O Poder Central reagiu violentamente, declarando pelo Decreto nº 694, de 27 de outubro de 1921, a suspensão do Grande Oriente do Estado de São Paulo e cassação das Cartas Constitutivas das lojas dissidentes.
Em 1928, Dr. Marey Jr. e Octávio Kolly celebram um novo acordo para o retorno do Grande Oriente de São Paulo ao GOB, entretanto, só foi reincorporado definitivamente quando da assinatura do Decreto nº 939, de 11 de maio de 1929, tornando-a novamente potência estadual onde permaneceu ate 2018, quando se desfederalizou.
FUNDAÇÃO DAS GRANDES LOJAS SIMBOLICAS DO BRASIL
Em 1927 passou a ser Grão-Mestre do Grande Oriente do Brasil o irmão Otávio Kelly e, de acordo com a legislação vigente, declarou que assumiria o alto posto do Supremo Conselho. Marcou então uma reunião de seu Conselho Geral para o dia 20 de junho de 1927. Alguns dias antes, em 17 de junho, em uma sexta-feira, Mário Behring, realizou uma reunião extraordinária do Supremo Conselho tomando decisões importantes como as de expedir Cartas Constitutivas as Grandes Lojas que estavam sendo criadas nos estados da federação. Como segunda medida, entre outras decisões tomadas naquela célebre reunião, foi a de romper relações com o Grande Oriente do Brasil. Na oportunidade foi declinado que o Soberano Comendador seria elegível pelos membros efetivos e que o Grão-Mestre não necessariamente deveria ter graus além de Mestre Maçom. Quando o Grão-Mestre Otávio Kelly realizou a reunião do Grande Oriente do Brasil no dia 20, segunda-feira, a separação definitiva dos graus simbólicos e filosóficos já estava decidida pelo Supremo Conselho de Mário Behring.
O Brasil estava iniciando as mudanças para adaptar-se as exigências da III Conferência Supremos Conselhos do Rito Escocês Antigo e Aceito em Lausanne realizada de 29 de maio à 2 de junho de 1922. Foi lá que iniciou a derradeira exigência para que os Supremos Conselhos fossem independentes. Sendo o Supremo Conselho o legítimo detentor do Rito Escocês perante os outros 35 Supremos Conselhos no mundo as quais, durante anos, Mário Behring manteve profícuo relacionamento.
Da cisão criada por Bering no seio do Grande Oriente do Brasil, surgiriam as primeiras Grandes Lojas Simbolicas no Brasil, as quais foram regularmente instaladas sob a autoridade de Cartas-Patentes Constitutivas outorgada pelo Supremo Conselho do Grau 33 do Rito Escocês Antigo e Aceito para a República Federativa do Brasil. Foram elas: Grande Loja da Bahia, fundada em 22V05/1927; Grande Loja do Rio de Janeiro, fundada em 22/06/1927; Grande Loja de São Paulo, fundada em 29.07.1927; Grande Loja da Paraíba, fundada em 24/08/1927; Grande Loja do Amazonas, fundada em 24/06/1927; Grande Loja de Minas Gerais, fundada em 26/09/1927; Grande Loja do Rio Grande do Sul, fundada em 08/01/1928; Grande Loja do Pará, fundada em 28/07/1927; Grande Loja do Ceará, fundada em 19/03/1928.
A partir da fundação das grande lojas citadas e com o paoio do Supremo Conselho de Bering, foram fundadas outras grandes lojas autonomas e independentes em todos os estados da federação brasileira.
As lojas adonhiramitas que aderiram as Grandes Lojas Simbolicas do Brasil passaam a praticar o Rito Escoces Antigo e Aceito.
OUTRAS CISÕES NA MAÇONARIA BRASILEIRA
A maçonaria mineira e paulista rompem novente com o Grande Oriente do Brasil. Cisoes estas, que foram apagadas dos anais da história da maçonaria mineira e paulista. Os autores e pesquisadores maçonicos desconhem ou omitim esses fragmentos da história. Foram dezenas de lojas que deicharam as fileiras do Grande Oriente do Brasil para constutuir novos corpos autônomos entre 1944-1948.
Precizamnte em 12/09/1944, no oriente de Belo Horizonte, MG, reuniram-se maçons membros das lojas "Deus, Humanidade e Luz" "12 de Setembro", "21 de Fevereiro", "Major João Pereira", "Hirã", "Caridade e Justiça" com o objetivo de romper com o Grande Oriente do Brasil e constituir um novo corpo maçônico naquele estado. Aprovado a fundação, o novo corpo passou a ser denominado de Grande Oriente de Minas Gerais, tendo como seu primeiro Grão-Mestre, o Cel. José Persilva. Seguindo o modelo de São Paulo, precisamente em 30/08/1957, o Grande Oriente de Minas Gerais (autônomo), atraves do Decreto n° 1.789, começava as tratativas para ser incorporado no Grande Oriente do Brasil. Precisamente em 08/11/1960, foi celebrado um convênio de incorporaçãode dois grandes orientes de Minas Gerais. Atraves do Decreto nº 1877, de 17/12/1960, o Grande Oriente de Minas Gerais foi incorporado no Grande Oriente Estadual de Tiradentes Minas Gerais. Esse novo grande oriente, resultado da fusão, passou a ser denominado de Grande Oriente Minas Gerais.
Em 1948, em São Paulo, com a proposta da construção do Palácio Maçônico do Grande Oriente de São Paulo - GOSP, os maçons alteram-se os ânimos> 50 Lojas sob a liderança do Dr. Jurandir Piures Ferreira dentre outros maçons, tais como: Dr. Fenelon Barbosa, Astolfo Monteiro de Abreu, José de Farias, Jarbas Neves de Assunção, Verdi Marra, Afrânio de Oliveira, Oseas Motta, Gerando Ocura, Manoel Alves Leite, Feliz Catalano, Manoel Fernandes da Costa, Antenor Aires Vianna, Edison de Carvalho Gomes, Afrâncio de Oliveira Motta e Jorge Firmino de Santana (Diario da Noitye, Ano 1948/Edição 07249); deixam o GOSP e fundam no dia 13/03/1948, o "Grande Oriente Unido" e seu Soberano Supremo Conselho. A administração provisória da nova potência ficou sob o comando e direção do grão-mestre provisório nomeado, Dr. J. B. Osmane Vieira de Rezende, servindo como Secretário e Orador, respectivamente, Dr. José Benedito de Oliveira Bomfim e Dr. Domiciano Pedreira. Em 22/12/1956, através do Decreto 1767 e Ato Complementar 2.479, o Grande Oriente Unido com suas 52 lojas paulista é incorporado ao Grande Oriente do Brasil conforme publicado no Boletim nº 82/Edição/1957.
Em Minas Gerais foi fundado o Grande Oriente de Tiradentes e seu Supremo Conselho. Em 05/06/1953, esse grande oriente foi incorporado ao Grande Oriente do Brasil, passando a ser denominado de Grande Oriente Estadual de Tiradentes Minas Gerais. Mais tarde, funde-se com o Grande Oriente de Minas Gerais.
Em 1973 ocorreu uma das maiores cisões na maçonaria brasileira, surge então, os Grandes Orientes Independentes, atualmente (COMAB) voltando a enfraquecer o rito.
Todas as cisões ocasionaram perdas irreparáveis para o Rito Adonhiramita e para o Sublime Capítulo dos Cavaleiros Noaquita para o Brasil, levando o rito e sua oficina chefe quase a extinção.
A OFICINA CHEFE DA MAÇONARIA ADONHIRAMITA
O Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas passou a se chamar em 1953 de "Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil", Oficina Chefe do Rito, autônoma e independente.
Conforme documentos históricos, em 15 de abril de 1968, era assinado entre o Grão-Mestre do GOB, Dr. Álvaro Palmeira e o Presidente do “Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil”, Dr. Josué Mendes, um tratado de aliança e amizade.
Em 1973 ocorreu uma grande reviravolta no Rito Adonhiramita, neste ano, treze Grandes Orientes Estaduais se desligaram do GOB, significando uma perda catastrófica para o rito. A maior parte das lojas praticantes do Rito Adonhiramita, que fundaram ou migraram para as potências autônomas passaram a praticar o Rito Escocês.
Para recuperar o Rito Adonhiramita dentro do GOB e dentro do “Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil” era necessário atrair maçons de outros ritos. Dessa forma, em 1973, o “Muito Poderoso e Sublime Grande Capítulo dos Cavaleiros Noaquitas para o Brasil” muda sua denominação social para “Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita” (ECMA). Restava ainda a completa reformulação do rito para que se tornasse mais atrativo para uma população maçônica majoritariamente do REAA, ou seja, habituada a um sistema de 33 graus e que não se sentiria atraída por um rito com apenas 13 graus.
Precisamente em 02 de junho de 1973, ocorreu uma reforma administrativa que o transformou o Sublime Capitulo no Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita, passando a partir de então, de 13 para 33 graus.
Dentro poucos anos, o Rito Adonhiramita estava completamente transformado ou poderíamos assim dizer, destruído sua essência (reneado). Foi Introduzido no rito o que chama de "Cerimônias Extras" que nada tem haver com o rituais originais, tais como: cerimonial de incensação; cerimonial das luzes; movimento para troca de bolsa; infinito; uma acentuada influência ocultista e uma tendência a contínuas modificações que nada tem haver com o rito; um misto de religião e ocultismo com base nas obras de Jorge Adoum e rosa-cruzianas. Mas, como esperado, as alterações surtiram efeitos, maçons de todos os ritos e culturas começaram a migrar para o Rito Adonhiramita.
A PERDA DA QUALIDADE DE OFICINA CHEFE DO RITO ADONHIRAMITA NO BRASIL
Em 2010, a Maçonaria Adonhiramita faz o caminho de volta à Europa (sua origem), passando a ser praticado novamente em Portugal. Naquele ano, o Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita instalou e consagrou em solo portugues, o ECMAP - Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para Portugal, como único, legal e legitimo "Oficina Chefe" do Rito Adonhiramita para Portugal, firmando tratado de mutuo reconhecimento e amizade.
Com as irregularidades na então administração no Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita e a suspensão dos direitos maçonicos de quase todos os membros de seu corpo administrativo, o ECMAP rompeu o tratado de mutou reconhecimento e amizade em 2013 com o ECMA, declarando-o irregular. Diante da situação que atravessava a Maçonaria Adonhiramita no Brasil, houve a necessidade de ser instalado uma nova potência filosófica em solo brasileiro, assim nasceu em 2013, o Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para Brasil - ECMAB, sendo instalado pelo Excelso Conselho da Maçonaria Adonhiramita para Portugal - ECMAP.
O ECMAB em 2016 mudar-se-ia seu nome para Supremo Conselho Adonhiramita do Brasil - SCAB. Desde então, o SCAB passou a ser considerado o único, regular, legal e legitima Oficina Chefe do Rito Adonhiramita em território brasileiro, guradião legitimo de sua liturgia. Infelizmente, o ECMA, uma potencia filosófica sesquicentenária, não conseguiu restabelecer sua regularidade perante a maçonaria regular nacional e internacional. Os atos irreponsáveis de seus dirigentes casou um extrago quase que irreparavel para rito e para a maçonaria brasileiro.
CONCLUSÃO
A cada dia que se passa, a Maçonaria Adonhiramita e seus rituais vem sendo modificados sem nenhum critério pelas potências simbólicas e seus pseudos doutores em maçonologia, incluindo e excluindo de seus traçados, palavras e orações que não fazem parte da essência Adonhiramita. O Rito vem sendo fragmentada, modificado e destruído ano após ano.
Pesquisa desenvolvida por: JM - GR-33